segunda-feira, 20 de junho de 2011

Casais em Segunda União Estável - quinta parte

A espiritualidade dos casais

em segunda união estável

terceira parte (conclusão)

O amor é um presente de Deus

A Igreja oferecer aos casais em segunda união estável um caminho espiritual-pastoral pois eles são parte da Igreja que acompanha com especial solicitude seus filhos e filhas para que possam usufruir, no dia a dia, a graça de Deus.

Eis a continuação de algumas explicitações de como vivenciar as maravilhas de Deus na vida dos casais em segunda união estável:

A Comunhão com a Palavra de Deus – Escutar é algo mais que ouvir. É atender ao que se diz. É ir assimilando e tornando pessoal o que foi dito. É algo ativo, não passivo. É uma abertura a Deus que a eles dirige a Sua Palavra. Por intermédio dos Autores Sagrados, Deus fala-lhes aqui e agora. Algumas vezes, esta Palavra os consola e os anima. Outras vezes, repreende atitudes e convida à conversão. Sempre, porém, ilumina, estimula e alimenta.

A Palavra que Deus lhes dirige é sobretudo uma Pessoa: o Seu Verbo e a Sua Palavra, Jesus Cristo. Ele não se dá somente no Pão e no Vinho, mas está realmente presente na Palavra que é proclamada e que é escutada. Também a todos os seus filhos o Pai continua a dizer: “Este é o meu Filho muito amado: Escutai-O”.

A leitura da Sagrada Escritura, acompanhada pela oração, estabelece um diálogo de familiaridade entre Deus e seus filhos, pois os filhos ouvem a Deus quando recebem a Palavra lida ou ouvida e falam com Deus quando rezam. Esse diálogo amoroso, frutífero e salvador torna-se mais intenso pela leitura meditada da Bíblia, que se prolonga e intensifica na oração contemplativa. Pelo diálogo meditado e contemplado, os casais em segunda união estável vivem uma grande familiaridade não só com a Palavra, mas com o próprio Deus.

A visita e a adoração ao Santíssimo Sacramento – Jesus, sendo vivo e presente no Sacrário, pode ser visitado e adorado. Ele espera, ouve, conforta, anima, sustenta e cura. Por conseguinte, a visita e a adoração ao Santíssimo é um verdadeiro e íntimo encontro entre o visitante e o Visitado, que é Jesus. A visita e a adoração são uma escolha pessoal do visitante, e, acima de tudo, um ato de amor para com o Visitado. A simples visita ao Santíssimo transforma-se em adoração, que é o ponto mais alto deste encontro.

Os casais em segunda união estável são chamados e convidados para serem os adoradores do Santíssimo através da prática tradicional da hora santa, que muito os ajudará na espiritualidade, seja como também do próprio casal. A prática frequente da hora santa não é um opcional, por isso não se pode deixar facilmente de lado, pois ela é necessária para a perseverança.

A vista à Maria Santíssima: um conforto para o seu povo – Se o próprio Jesus, moribundo na cruz, deu Maria como Mãe ao discípulo: “Mulher, eis aí teu filho” e a você discípulo como mãe: “eis aí tua mãe!” (João 19, 26-27), é bom e recomendável que o casal em segunda união estável cultive fazer esta visita de carinho para receber conforto, força e consolação de sua Mãe. Essa visita pode ser feita numa capela dedicada à Virgem Maria ou em casa junto com a família ou na intimidade do seu quarto. Pensando nisso, é bom e confortável que o casal em segunda união estável não se esqueça de visitar, quantas vezes puderem, juntos, Maria Santíssima.

Visitar Maria, a mãe de Jesus, é ir ao seu encontro sem reservas, é entregar-se de coração a um coração que não tem limites para amar. Nossa Senhora em Medjugorie disse aos videntes e a nós seus filhos: “Se soubésseis quanto vos amo choraríeis de alegria”. Mara nos ama muito como filhos queridos. O que ela mais deseja é ver seus filhos deixarem-se amar por ela. O seu desejo é o de seu Filho: salvar a todos. A Santíssima Virgem nos espera todos os dias, e ela sabe que quanto mais perto estivermos dela, mais perto ficaremos de Jesus, pois a sua meta é a de nos levar a Jesus.

A perseverança na oração – o casal em segunda união estável é convidado para perseverar na oração. A oração pode ser pessoal, pode ser oração como casal ou como oração da família com os filhos, ou oração comunitária com os outros casais ou com outros fiéis.

Outros meios que auxiliam os casais em segunda união estável viver o caminho espiritual-pastoral:

A formação pessoal do casal – é necessário para eles, como é necessário para todos os casais, uma formação pessoal e uma formação como casal, podendo participar da formação e da catequese que a paróquia ou outra realidade propõe para todos.

Os grupos de oração – o casal em segunda união estável tem a possibilidade de participar de grupos de famílias, de grupos de oração, grupos que se reúnem para orar em sua tão diversas formas, para a sua formação, como também para se ajudar mutuamente.

As obras de caridade – o casal em segunda união estável, como todo cristão, deve empenhar-se nas obras de caridade organizadas pela paróquia ou por outras entidade, como voluntários, inclusive... lembrando-se de que “a caridade cobre uma multidão dos pecados” (1Pedro 4,8).

Praticar a justiça – o casal em segunda união estável pode e deve participar das iniciativas em favor da justiça. Porém, a justiça sem a caridade não é a justiça-amor que Deus quer.

Diálogo em família – o casal em segunda união estável como família procure viver o diálogo com os vários membros para que haja paz e colaboração. Que o casal aceite fazer a vontade de Deus, sobretudo quando ela é difícil ou quando o sofrimento bater à sua porta. O casal deve abrir o seu coração aos parentes, aos vizinhos e aos colegas... especialmente em necessidade.

Viver no cotidiano a vida cristã

O casal em segunda união estável procure viver de maneira cristã a vida cotidiana no trabalho, em casa, no relacionamento com os vizinhos e com a sociedade: este é o caminho que os aproxima da salvação.

O caminho espiritual-pastoral, que é muito rico de frutos para a vida cristã pessoal, do casal e da família toda, levará certamente o casal em segunda união estável a valorizar a importância da vivencia da fé em família, o que é também importante para o bem da sociedade. Valorizar a própria casa, o próprio lar onde se constrói o Reino de Deus e se opera o bem imitando a Família de Nazaré é o caminho de vida cristã do qual todo casal deve participar.

Fraternalmente, frei Mason

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Casais em Segunda União Estável - quarta parte

A espiritualidade dos casais

em segunda união estável

segunda parte

O amor é um presente de Deus

A Igreja oferecer aos casais em segunda união estável um caminho espiritual-pastoral pois eles são parte da Igreja que acompanha com especial solicitude seus filhos e filhas para que possam usufruir, no dia a dia, a graça de Deus.

Muitos casais em segunda união conservam a fé e desejam educar cristãmente seus filhos. Os sacerdotes e toda a comunidade devem dar prova de uma solicitude atenta a eles, a fim de não os considerar separados da Igreja. A Igreja ensina que todos os batizados podem e devem participar da vida da Igreja e duas Exortações Apostólicas ecoam tais palavras: “Familiaris Consortio” (sobre a Família, do Papa João Paulo II) e “Sacramentum Caritatis” (Sacramento da Caridade, do Papa Bento XVI).

Tanto João Paulo II quanto Bento XVI convidam os casais em segunda união a cultivar, quanto possível, um estilo cristão de vida através da participação do sacrifício da Santa Missa – ainda que sem receber a comunhão -, da escuta da Palavra de Deus, da perseverança na oração, da adoração Eucarística, da cooperação, dedicação e incrementação nas obras de caridade, das iniciativas na comunidade em favor da justiça, da educação dos filhos na fé cristã, do cultivo das obras de penitência, do diálogo franco com um sacerdote ou mestre de vida espiritual … só para citar alguns exemplos.

Eis algumas explicitações de como vivenciar as maravilhas de Deus na vida dos casais em segunda união estável:

A participação da Santa Missa: um encontro de amor – O casal em segunda união estável, como todo bom cristão, considerando o amor infinito de Jesus, deve participar da Santa Missa com amor fervoroso, de modo particular no momento da consagração, pois é nesse momento que Jesus é vivo e presente.

O Papa Bento XVI, em recente discurso ao clero de Aosta [região no norte da Itália], valoriza a participação dos casais em segunda união estável da Santa Missa mesmo sem a comunhão Eucarística. A esse respeito o Papa fez este lindo e confortável comentário:

Uma Eucaristia sem a comunhão Eucarística não é certamente completa, pois lhe falta algo essencial. Todavia, é também verdade que participar na Eucaristia sem a comunhão Eucarística não é igual a nada. Participar é sempre um estar envolvido no mistério da Cruz e da ressurreição de Cristo. É sempre uma participação no grande Sacramento, na dimensão espiritual, pneumática, e também eclesial, se não estreitamente sacramental.

E dado que é o Sacramento da Paixão de Cristo, Cristo sofredor abraça de modo particular estas pessoas e comunica-se com elas de outra forma; portanto, elas podem sentir-se abraçadas pelo Senhor crucificado que cai por terra e sofre por elas e com elas.

Por conseguinte, é necessário fazer compreender que mesmo que, infelizmente, falta uma dimensão fundamental, todavia tais pessoas não devem ser excluídas do grande mistério da Eucaristia, do amor de Cristo aqui presente. Isso parece-me importante, como é importante que o pároco e a comunidade paroquia levem tais pessoas a sentir que, se por um lado devemos respeitar a indissolubilidade do sacramento, por outro amamos as pessoas que sofrem também por nós. E devemos também sofrer juntamente com elas, porque dão um testemunho importante, a fim de que saibam que no momento em que se cede por amor, se comete injustiça ao próprio Sacramento, e a indissolubilidade parece cada vez mais menos verdadeira”.

O mesmo Sumo Pontífice também recorda que o sofrimento faz parte da vida humana e no caso dos casais em segunda união estável, é “um sofrimento nobre”.

Este texto continua e conclui com a terceira parte.

Fraternalmente, frei Mason